Jazem no chão. Em completo desalinho, os restos do que foram outrora as laranjeiras, permanecem agora caídas, espalhando folhas, ramos. As pequenas esferas laranja, lembrando miniaturas de sóis, preenchem o solo, colorindo a tristonha imagem de quem caiu em desgraça.
É a mudança. Chega muitas vezes trazendo consigo a bagagem da modernidade, transformando os locais, tentando substituir lembranças, marcar novas etapas, lavar a cara a sítios que parecem ter sido abandonados por aqueles que passam, olham, mas já não permanecem, cansados que estão das mesmas paisagens.
E é nesses momentos de mudança, que damos por nós a pensar como nos eram familiares os locais, como lhes vamos lembrar os pequenos pormenores, o que foram, como marcaram as (in)definidas lembranças dos nossos dias.
Necessárias serão para nos impulsionar para a frente, as mudanças. São as rupturas, a substituição do velho pelo novo, que nos acordam o saudosismo, e nos fazem muita vezes resistir a essa necessidade que nos é intriseca: mudar. Evoluir faz parte de todas as passagens, de todas as paisagens.
Assim as laranjeiras jazem no chão, esperando as limpezas do espaço, aguçando a curiosidade de quem passa: O que de novo se verá? o que virá marcar a diferença naquele espaço semi-morto já mais que habitual nos nosso dias?
Outras mudanças precederam estas, e assim os locais evoluem, tentando enamorar as características de uma qualquer terra ( nossas todas, um pouco) com as inovações necessárias à sobrevivência. E assim se vão preenchendo memórias para transmitir aos vindouros, de como eram , antes de o ser agora, os mesmos locais, com outras paisagens. E todas elas são nossas, essas imagens, que constroem as histórias que nos identificam como gente daqui e dali. É o saber de como era, antes de o ser agora, que constrói coesões entre as gentes, coesões entre as pertenças...
Espero-te, no final das alterações, pequeno jardim, para que me ajudes a construir uma imagem do futuro que poderei colar ao passado do lugar...
( esta crónica segue sem imagem, porque me doeram ali deitadas no chão, em desgraça, as tão familiares laranjeiras)
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