Chove...já fez frio,mas a chuva leva as réstias da dureza que o frio trás aos dias. A liquidez da chuva permite que se escorram - por entre as margens do tempo - a solidez rígida dos dias que passam em seco.
Ouvi-o lá ao longe. A musicalidade daquele instrumento que chama a atenção, chamou a minha, chamou-me a mim... trouxe-me à memória uma cidade que também foi a minha - onde por graça se diz - que a sua presença trás a chuva. Mas a chuva veio primeiro, desta vez.
Chego-me à janela , só para o ver passar..
Lá vai passando, de aspecto simples, tal como o imaginei. Talvez mais novo, mas rostos não mostram idades ( lição importante, aprendida à custa de vivênvias pesadas).
A música sopra-se-lhe pelos lábios de um instrumento tosto, que enfeitiça à passagem... e fico a vê-lo passar, amolando facas, vidas, experiências de quem faz da vida uma luta constante de sobrevivências e encontra nas mínimas coisas momentos de intenso prazer, tal como eu... gosto tanto do som molhado de um amolador...
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