quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Ardências
Arde ainda, tal como ardeu no primeiro momento em que alguém, num gesto de desligada incompreensão conseguiu a improvável faísca, que consumiu o que de combustível havia em seu redor. É agora apenas uma tímida chama, a manter viva a lembrança da fogueira, que consumiu toneladas da lenha, que naturalmente se carrega em braços para o seu próprio fim...
Ainda aquece, contida num pequeno lugar próprio para fins com e sem propósitos, propositadamente consumada por chamas minúsculas, que de quando em quando iluminam a escuridão que em redor tenta exorcizar o frio das noites que continuam gélidas...
São os propósitos humanos de conter as forças da natureza, que incontrolavelmente se desnorteiam, em espaços de tempo impossíveis de prevenir, pressentir ou precisar. Precisos instantes de afogueadas labaredas, em urgências brandamente apagadas com as lágrimas que o céu derrama, quando não se contenta com injustas queimadas...
Interna e externamente, eternamente consumidos, assim somos, contidos ou não, o fogo que nos arde no peito transborda mansa ou violentamente em magnânimos mantos de lava que por vezes consomem tudo em seu redor, preparando solos para outras novas incandescências...
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