Dizem que tenho Alma de poeta. É possível, mas para além de poeta, sou mulher, fui criança, sou ser humano. Na grande maioria das vezes vejo e sinto coisas que só sei expressar por palavras, por imagens. É um jeito de ser... é o meu jeito de pôr a Alma no scriptum...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Despertar

Acordou, ao seu lado ele dormia com aquela cara de menino, que sempre fazia enquanto dormia. Parecia feliz sempre que estava a dormir. Abraçou-o. Gostava de sentir o calor do seu corpo junto ao peito nu e sentir a suavidade da pele que invariavelmente ainda lhe despertava os sentidos.
Ele sentiu o corpo dela junto ao seu e virou-se institivamente para a sentir ainda mais junto a si, e sorriu meio bêbado do sono, mas com o corpo a despertar.
Ela sussurou-lhe quase em segredo : Há quanto tempo estamos juntos?
Nem sei bem, quinze anos ?
Sim, devem ser por volta dos quinze se contarmos o tempo em que andámos apenas a descobrir-nos.
Ele entrelaçou as pernas nela, gostava daquelas pernas torneadas assim presas entre as dele como se daquela forma pudesse de algum modo sentir-se senhor, quase dono, impedindo nem que fosse por momentos que ela se afastasse.
E porque é que continuo a desejar-te como se de cada vez pudesse ser uma nova oportunidade de sentir algo novo, diferente?
Ele sorriu de novo, gostava quando ela tinha aqueles instantes de sinceridade em que dizia coisas que ele muitas vezes nem entendia. Era isso que ainda o despertava, aquele jeito selvagem que ela tinha de ser imprevisivel, em tudo, tanto ali, como em qualquer outra coisa, aquele horror que ela parecia nutrir pela monotonia excitava-o, embora por vezes se chateassem exactamente por causa disso.
Como sempre não foi capaz de lhe explicar tudo o que pensava:
Se calhar é porque nos amamos...
E amar alguém é só corpo?
Não, tem muito pouco de corpo, e é por isso que os nossos corpos se continuam a pedir, porque tudo em nós se encaixa, mesmo quando temos opiniões diferentes.
Sabes o que mais gosto em ti? Esse jeito de seres imprevisivel e nunca me abandonares, mesmo quando ambos sabemos que não tenho razão.
Ele voltou a sorrir, sim era amor, esta forma quase telepática de comunicar, esta forma unissona de sentir...preenchimento era o que sentia como se estivessem constantemente em penetração, mesmo sem haver contacto.
Anda cá...apeteces-me...

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