Paisagens indefinidas

Chamam-lhe inquietude, insatisfação. 

São nomes, que a necessidade de nomeações é quase um pilar na organização mental e social, e como tantos outros nomes, nada mais que palavras. São as palavras que nos traem, nos atraem, que  podem unir ou anuir; passam por nós em complexos de iluminação ou neblinas, como quem se entende ou desentende.

As minhas enovelam-se em linhas que se querem cantar: dizem-se, de si mesmas, poesias. O sorriso fica no jeito do ser, e são as palavras que levam para longe as inquietações. Preocupam-me as velocidades com que se agrupam, o caminho que seguem, as paisagens que parecem formar. Em mudanças, tento controlá-las perante a minha vontade, mas muitas vezes a sua força é superior a qualquer controle. 

Tal como o ambiente que agora nos rodeia, não saberei dizer onde irão chegar, mas o que importa é caminhar, que é de caminhos e de paisagens que se fazem as imagens e as memórias,  de memórias e vontades se constroem vidas e é com vidas e ideias que se preparam futuros. Alegres futuros. 

utópica? talvez; não são as utopias o salto vital para novas realidades?

MUDANÇAS

Chovem pétalas de fogo

de um céu rubro, de prazer

Mudam-se as regras do jogo

num mundo que quero conhecer

São paradigmas inversos:

no céu, o inferno comanda

enquanto escrevo meus versos

ao ritmo d`uma alma branda

…e a chuva de fogo insiste

em derramar-se no peito

daquele que imóvel assiste

ao ruir do seu conceito

O mundo está em mudança

e eu, não sei se consigo

acompanhar esta dança

O mundo está em mudança

e eu, quero contigo

plantar, firme, uma esperança

Poema originalmente aqui