sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
O encontro tinha sido combinado naquele local, àquela hora. Ela esperava.
O fresco da noite fê-la compor o casaco para se proteger do frio.
Irritava-a esperar, sempre detestara esperas, o seu feitio irrequieto fazia-a abominar os tempos parados; ainda mais ali, num lugar onde não passava quase ninguém.
Perguntara-lhe sobre o porquê daquele lugar; ele sabia que ela tinha medo de locais solitários, e junto àquela ponte, quase ninguém passava àquela hora. Ele desculpara-se com a proximidade do local onde se encontrava e ela aceitou, afinal qualquer momento perto dele era sempre um momento feliz, mesmo que curto.
A vida pode ser ingrata, levou tanto tempo para encontrar alguém com quem os silêncios fossem tão preenchidos como as palavras, e só conseguiam estar juntos por breves momentos, devido à intensa vida profissional de ambos.
Envolta nos pensamentos, aproximou-se da ponte, para observar o leito do rio que reflectia as luzes da cidade. Não se via ninguém e ele não chegava. Começava a ficar nervosa, inquieta. Sentia-se observada como se alguém, de longe, lhe controlasse os movimentos. Chamou por ele, na tentativa de perceber se era mais uma das suas tantas brincadeiras, mas ninguém respondeu. Ouviu sons de passos, do outro lado da ponte, mas não viu ninguém.
O coração batia já descompassado e o pânico queria tomar conta dela. Pensou para si : tem juizo, é a tua imaginação, apenas e só a tua imaginação. De novo o som dos passos. Distinguiu um vulto a apressar o passo na sua direcção e não consegui controlar o pânico. O corpo respondeu aos sinais e ela começou a correr desesperadamente. Na mente passavam-lhe imagens de ressentimento. Porquê aquele local, porquê aquele atraso. Se corria agora, fugindo do agressor, era culpa dele, só dele que não tinha pensado na sua segurança. Chorando e correndo parecia-lhe ouvir os passos cada vez mais próximos e olhou para trás para confirmar a proximidade. Não viu ninguém.
Ao voltar-se de novo esbarrou em alguém e não conseguiu sufocar o grito de terror.
Era ele, estava nos seus braços e não conseguia parar choro e o descontrolo que sentia, batendo-lhe em defesa nos braços e no peito.
O que foi?
Vem aí, ele vem aí e a culpa é tua.
Quem é que aí vem?
Olharam ambos na direcção que ela apontava e não se via, ou ouvia, qualquer movimento.
Ele abraçou-a e falou devagar e em tom doce, como se com uma criança assustada:
- Já passou, desculpa, não te devia ter deixado tanto tempo à espera, mas não consegui evitar. Além disso o teu telefone vai sempre para as mensagens.
Deixara o telemóvel em casa, que imprudência.
Agora tudo aquilo lhe parecia ridiculo, mas só agora, que estava finalmente segura nos seus braços.
reeditado publicado originalmente a 17.7.2010
foto retirada da internet
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
LINDO VIU? DEIXO -TE UM BEIJO!BOM FIM DE SEMANA!
ResponderEliminarBelissimo cenario de uma noite vivida...grande beijo de bom sabado pra ti.
ResponderEliminarUm belo conto, numa conta de abraço.
ResponderEliminarNão existe lugar mais seguro que estar bem guardada[o] nos braços de alguém. O abraço é uma das manifestações de carinho mais aconchegante e confortável que existe. Dentro dele, esquecemos o mundo...
¬
É engraçado que a partir daqui, mesmo sem querer, imaginamos uma continuação.
ResponderEliminarPara mim, seria sem dúvida o começo de um livro policial... mas isso sou eu que tenho um fraquinho por deduções... investigações...conclusões... :)
Bjos
Sabes Isa, eu acho que prefiro escrever Romances, policiais são muito dificeis e eu sou dada a sentimentos :)
ResponderEliminarUma belissima segunda feira pra ti querida amiga,,,e uma semana recheada de poesia e muita paz...beijos e beijos.
ResponderEliminarUma linda postagem .
ResponderEliminarLinda semana beijos ,Evanir.
http://aviagem1.blogspot.com/
Um dia recheado de paz,,,amor e muitos versos pra ti minha querida amiga,,,beijos e beijos.
ResponderEliminar